Não resisti ao último post de minha amiga ReFratton em seu blog, sobre Carla Bruni.
Como eu estudei recentemente a vida de duas princesas para conferências no StudioClio e um curso de extensão no UniRitter, não houve como não me reportar a elas depois de ler o post da Renata.
É, a vida de princesa mudou.
Fico muito fula quando leio histórias de princesas pra minha pequena, pois elas são sempre adormecidas, esquecidas, esperam, são beijadas... Enfim, nada melhor do que a paródia que aparece em Shrek Terceiro pra mostrar como as princesas, em geral, são umas abobadas.
Críticas à parte, dei-me conta mesmo - com a ajudinha da Rê - de como as princesas mudernas podem ser um pouco mais independentes e donas dos seus lindos narizes invariavelmente arrebitados.
Por exemplo: de Grace a Carla.
Pobre da Grace, ela era uma graça, mais, ela era linda. Mas deu o azar de ser filha do Jack, um cara durão, que mantinha até a geladeira cadeada. A mãe preferiu vender detalhes do noivado com Rainier a uma Caras da vida a dar colo pruma filha que precisava dele - e muito.
Depois de brigar com toda a família para ser atriz e modelo e poder pagar suas próprias contas em NY, essa filha dourada de uma Philadelphia - adoro a grafia arcaica, lembra-me minha bisa, que adorava soletrar seu nome - aristocrática enriqueceu, ganhou o Oscar de melhor atriz em anos de Audrey Hepburn e fubangueou com William Holden, Clark Gable, Frank Sinatra, Oleg Cassini, entre MUITOS outros de que eu não ouso lembrar. Entre os pretendentes, casados, divorciados, bebuns, judeus (oh!) e até o velho Hitch, que a idolatrava mas parece que nunca levou . Até onde eu sei, Grace só não namorou afro-descendentes - ai!
Pra loucura de papai Kelly, o típico self made man americano, filho de irlandês duro que enriqueceu por conta própria, que de trabalhador da indústria têxtil chegou a campeão olímpico de remo e candidato a prefeito. Quando Grace nasceu o cara já havia construído uma "casa" de 17 quartos no subúrbio da cidade.
Mesmo com uma trajetória aparentemente dourada, a vida da princesa não foi nenhum conto de fadas.
Ser Princesa de Mônaco exigiu comer muito brioche azedo. Rainier não era flor e precisava mesmo era de um útero - Grace foi revirada do avesso antes do casamento para se ter certeza de que era fértil - para não perder o Principado para a França.
Daí em diante, foi ladeira abaixo - ainda que com uma vista linda, da Côte d'azur...
Grace morreu ainda jovem, em um acidente de carro.
Seu legado é uma obra humanitária razoável, o primeiro casamento televisionado da história - ela pagou a multa com seu estúdio trocando os direitos de filmagens pelos anos que ainda faltavam de contrato - e uma aura de deusa do cinema.
A exposição que foi feita no ano passado em Mônaco e que migrou para Paris - Les Anées Grace Kelly - resultam num livro lindo, maravilhoso, que eu tive a sorte de ganhar do papai.
Já Carla Bruni, nossa princesa muderna, é outra história.
De cor de rosa, só o tailleur Chanel que ela usava acompanhando Sarko.
Carla faz o que quer e não parece estar muito aí para o politicamente correto.
Ao contrário de Grace, não precisou de um pai pra provar alguma coisa - descobriu que tinha dois...
E foi ser modelo e cantar na língua que melhor lhe aprouvesse.
E o melhor de tudo: assume seu lado "devoradora de homens", coisa que Grace sempre teve de ocultar, pois esta princesa virou ícone de elegância gelada numa época ainda muito puritana.
A grande diferença entre elas, além de algumas décadas?
O pequeno detalhe de Carla ser EUROPÉIA e provavelmente ter tido uma família menos rígida, com direito a alçar todos os vôos que uma herdeira aristocrática tem direito a.
Entre Mônaco e Paris ainda sou iluminista.
Vive la différance! Vive la France!