Nem deu pra acabar bem o post Coraline e já fui assistir ao filme de novo.
Mas esse post já passou e fiquei devendo Tango, outro do mestre Saura, que ele esteja no meio de muita dança, onde estiver.
Começa detonando: uma panorâmica da Capital Federal: esse pedaço de Europa latino-americana que é Buenos Aires. Cidade que eu amo e quero voltar sempre que puder.
O filme - menos documentário e mais filme que Ibéria, assunto anterior deste blog - mescla tango, claro, à reflexão sobre a política e a história recente argentinas.
Os bailes são lindos, alguma música ao vivo e bailarinos incríveis. Até un tío que é possível assistir na Esquina Carlos Gardel, Julio Bocca.
No meio disso tudo, como não poderia deixar de ser, um - ou até mais - triângulo(s) amoroso(s).
Na contracorrente, Mario - Miguel Angel Sola, de Sur - é o artista-diretor do espetáculo, recém acidentado, manco, rejeitado pela mulher, que se divide entre a direção do espetáculo e seus delírios de amor e dor de cotovelo. Para varrer Laura da memória, Mario descobre Elena, amante de um dos capos da cidade e patrocinador do show.
Contra todas as possibilidades de sucesso, Mario monta um espetáculo pouco palatável para muitos e vive o amor com una chica de 23.
Tango é puro amor em vermelho. Disputa, sensualidade, com direito às adagas das brigas de pulperias tão platinas. É o Mar Dulce menos dulce e mais traiçoeiro. É o recomeço de todos os dias, com as fraturas internas e externas de cada um.
Em tempos de reinvenção do tango vale a pena rever Saura.