de quem faz Moda e Literatura Comparada:
"Cada inovação parece a perversão de uma primeira perfeição." Auguste Escoffier,1898
Essa máxima está entre as epígrafes do livro de Manfred Weber-Lamberdière sobre Ferrán Adrià, o cheff-artista número um do mundo, que já esteve "exposto" até na Documenta de Kassel, em 2007.
Adrià continua:
"Estamos à procura do novo, do inusitado. O resto não nos interessa." (1994)
Pois é nessa base o jornalista alemão vai nos mostrando que hoje as fronteiras entre arte e não-arte estão cada vez mais diluídas. (As pessoas também podem ser diluídas, e disso Andy já sabia bem).
Molhos à parte, o autor faz pensar o que é verdadeiramente arte hoje. Assim como o conceito de luxo, também hoje revestido de novas características, muito mais próximas do conforto, do "ter mais tempo", do que da ostentação de outrora.
O tempo, nosso sexto sentido, também é sempre levado em conta. O passado não conta mais, ele só serve como alavanca do que virá.
Até que ocorre o encontro, promovido pelo autor, entre Alain Ducasse - antes número um da cozinha - e Karl Lagerfeld - o kaiser da Moda.
Lipovetsky é, sem ser nomeado, citado por Monsieur Chanel. O império do efêmero é o que vigora, uma espécie de lei da espécie.
"Mas eu amo o efêmero. Somente o efêmero sobrevive. Do contrário, seria 'rotina' e, nesse caso, deveríamos encerrar as atividades. A perfeição é enganosa. Quando algo está perfeito, temos que inventar alguma coisa, a perfeição não pode durar para sempre. Temos que evitar nos confrontar com a própria perfeição, nos distanciar do sucesso e do questionamento que nasce com ele. Não podemos estar certos de nada que conseguimos. Esse tipo de segurança é perigoso. Nunca olho para trás, o passado não me interessa."
Santa imperfeição nossa de cada dia - é ela que nos move.
Tudo por essa incerteza tão certa, luxuosa e volúvel. Tudo ao mesmo tempo agora no único tempo que existe: este.