Blog que queria ser outra coisa, mas que se contenta em deixar trans-pirar a sua dona... Moda, literatura, cinema e efêmeras frivolidades em geral.

28
Nov 08

Venho falando tanto disso desde ontem que é irresistível não dizer nada aqui. Não é nem desde ontem, é, pelo menos, desde dezembro do ano passado. E lá se vai um ano.

Vuelvo al Sur é a música de Astor Piazzolla, com letra de Fernando Enrique Solanas e voz de Roberto Goyeneche, para o filme Sur - de Solanas. Pausa para cortar os pulsos.

Assisti a esse filme ainda na década de 80, com minha mãe, no cinema. Muito guria, não tinha a menor idéia de que hoje, Fito Paez, que eu conheci no filme e o próprio filme seriam obra de retomada obrigatória para mim.

O filme mostra o final da ditadura militar na Argentina e a vida de um casal: ele na prisão, ela fora. Ela vivendo o dia-a-dia sem um marido, freqüentando outros lugares, vivendo outras experiências - até a tal festa em que canta Fito Paez -  Dando vueltas en al aire, embora eu só consiga pensar hoje em Dáme tu amor e Nuevo mundo.

A ditadura acaba e ele volta pra casa. Vuelve al Sur, que é outro sul, outra identidade a ser retomada, uma nova mulher a ser conquistada - e como diria Derrida: a mulher é aquilo que não se deixa classificar e por isso mesmo não se deixa conquistar; é indizível, uma não-verdade diante de uma classificação amparada no masculino - miren: no soy Jô feminista.

Vuelvo al Sur é a volta pra casa, pra Argentina ressuscitada das cinzas, uma fênix pós-ditadura. Transforma-se quase que num hino argentino de saída desses anos de chumbo e de voltas - que poderiam bem ser meandros. Indo ao Pampa não é ir ao Pampa, é voltar pra casa da gente, da identidade que a gente escolheu ser a nossa.

Caetano gravou Vuelvo al Sur em Fina Stampa. Versão bonita. Impossível transformar essa música em algo que não seja marcante, muito forte.

Mas as minha catarse mesmo veio com Gotan Project. Um grupo de Argentinos - não tenho o menorrrr problema com eles, pra mim são hermanos MESMO - que se encontra em Paris e grava um super DVD em Londres.

Vuelvo al Sur está lá: imaculado na mistura de milonga com a batida eletrônica, no aporte de novos instrumentos, imagens, telão, bailarinos, tudo.

Lembrem-se: quando Gotan grava, a Argentina recém saía de outra crise. Eis aí um novo hino. Moderno, remodelado. Diria minha musa, Maria Luiza: ressemantizado.

E de buscas identitárias vamos indo sempre.

Até do Pampa à passarela.

Mas isso é outra história.

publicado por joanabosak às 02:15
música: o post já tem trilha própria, não há música incidental
sinto-me: voltando
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26
Nov 08

Depois de belas despedidas com alunos queridos e viagens entre labirintos - de Escher, de Eco, de Creta, maneiristas, rizomáticos, de David Bowie; duplos e espelhos em Borges e Kafka volto à Barcelona, que est molt bona.

Mesmo que o Juremir diga que Woody Allen sempre faz o mesmo filme é impossível resistir à Vicky Crstina Barcelona, sobretodo si eres un Barcelonamaníaco como Jô. O melhor de tudo é reconhecer os lugares nem tão turísticos assim, como a Finca Güell, em Pedralbes, quando Juan António y Vicky finalmente se encontram depois de Oviedo.

O suplemento do Estadão sobre o filme e a cidade está ótimo, mas o colunista que escreve - não identificado - confunde a fonte projetada por Gaudí - seu primeiro trabalho como aprendiz - no Parc de la Ciutadel.la com a fonte de Montjuic! Pena também que o Els Quatre Gats não apareça mais, é o sítio da primeira exposição do jovem Picasso.

E como diria o Caco, quando a Penélope entra não sobra pra americana nenhuma. Cabelos louros sobre cabelos louros, a histeria latina é a que pulsa!

Em tempo: obviamente Oviedo não é na Catalunya e Juan António tampoc é catalão. Oviedo é nas Astúrias, cerca de 900 km más allá.

Além disso, ainda não sei de quem é o filme: mas oscilo bem entre Penélope e Barcelona.

Nada como badalar. Pode ser com Tàpies, Maria Aurèlia ou bem Barcelona Raval Sessions.

 

publicado por joanabosak às 19:08
música: Sangue latino
sinto-me: shiny happy
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Tentando encontrar uma linguagem - ainda que em português de Portugal...

Querendo badalarbaudelaire e errando um pouquinho.

Sendo Orlando por um momento e lendo Virginia por vários.

Preparando alguma coisa entre aulas de Borges e Kafka, passando por ícones do cinema da década de 1960 e Barcelona a pé e com vinho! No meio disso deveria ter moda também.

Tentarei ser um pouco como Agrado e mesmo Borges: simulando um pouquinho e buscando autenticidade mesmo que na reelaboração da cópia. Se mexplico e alguns alunos atentos entenderão: Maria Aurèlia Capmany, escritora catalã, prefacia seu Quim/Quima dizendo ser esse um calco do Orlando de Virginia Woolf. Segundo ela, em conversa que não sei se real ou imaginária - já valeria um post-doc - Virginia lhe teria dito: copia, copia, que quanto mais fores em busca do que queres ser mais te farás autêntica. Tal como Pierre Menard, ou o próprio Borges, que queria ser Macedónio Fernández e acaba Borges. Tô muitíssimo distante disso, mas vai na tentativa e erro até acertar em algum lugar.

publicado por joanabosak às 04:14
sinto-me: hesitante
música: poucos carros na rua

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